O discurso de Trump na ONU nesta terça-feira, durante a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, chamou atenção internacional por sua forte dose de autoexaltação, críticas diretas a imigrantes, declarações polêmicas sobre o clima e gestos diplomáticos inesperados, incluindo menções ao Brasil e ao presidente Lula. Neste artigo, vamos destrinchar os principais pontos da fala, o contexto em que ocorrem e as repercussões possíveis, oferecendo uma visão completa para entender o peso desse discurso no cenário global.
O que disse Trump no seu discurso de autoelogios
No discurso de Trump na ONU, o presidente dos Estados Unidos se dedicou a exaltar sua própria administração desde que retornou ao poder. Ele descreveu o país vivendo uma “idade dourada” em seu segundo mandato, afirmando que resgatou os EUA de uma suposta “calamidade econômica” deixada por seu antecessor, Joe Biden.
Trump também afirmou que finalizou sete guerras em diferentes regiões do mundo — do Oriente Médio ao Sul da Ásia — e criticou abertamente tanto o multilateralismo quanto a eficiência da organização. Ele sugeriu que estas realizações o credenciariam à indicação para o Nobel da Paz.
Críticas à ONU, reconhecimento da Palestina e postura sobre imigração
Questionamentos à utilidade da ONU
Durante o discurso de Trump na ONU, o líder norte-americano questionou a razão de existir da própria ONU, afirmando que muito do que vê são “cartas com palavras fortes que não resolvem guerras” — ou seja, declarações vazias que, em sua visão, pouco ou nada contribuem para a segurança ou a paz internacional.
Reconhecimento da Palestina e acusações ao Hamas
Trump atacou países que recentemente reconheceram oficialmente o Estado palestino, classificando essas decisões como “presentes aos terroristas do Hamas” e uma forma de recompensa pelas atrocidades cometidas em 7 de outubro. Mais uma vez, ele colocou em xeque práticas diplomáticas consideradas por ele como apoios indiretos a grupos que Washington classifica como terroristas.
Imigração e tom alarmista
Outro tema central do discurso de Trump na ONU foi a imigração. Ele acusou países europeus de estarem sendo “invadidos” por imigrantes ilegais e declarou que “vocês estão destruindo seus países”, em tom alarmista. Para ele, a questão migratória representa uma ameaça à segurança, cultura e estabilidade, especialmente na Europa.
Negacionismo climático, crítica à energia verde e consequências
No discurso de Trump na ONU, houve forte negação da crise climática. Ele descreveu a política de energia renovável como “piada” e acusou previsões da ONU sobre o futuro do planeta de serem “falsas”. Segundo Trump, apostar em fontes limpas — energia solar, eólica etc. — levaria vários países “à beira da destruição”. Ele defendeu abandonar essas políticas, alegando que são dispendiosas e pouco eficazes.
Aceno ao Brasil: Lula, tarifas e diplomacia econômica
Encontro breve e “química excelente”
Um dos momentos inesperados no discurso de Trump na ONU foi quando ele contou ter se encontrado rapidamente com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Trump, os dois se abraçaram e tiveram uma breve interação, mas que teve “química excelente”. Foi declarado que haverá uma reunião na próxima semana entre os dois.
Tarifas e críticas econômicas ao Brasil
Apesar dos elogios diplomáticos, Trump não deixou de criticar a política comercial brasileira. Afirmou que o Brasil impôs tarifas “muito injustas” aos EUA, o que, em sua visão, justificaria retaliações através de tarifas americanas. Ele afirmou que o Brasil “vai continuar indo mal” se não cooperar comercialmente com os Estados Unidos.
Repercussões potenciais e contexto geopolítico
Impacto no multilateralismo
O discurso de Trump na ONU coloca em evidência uma tensão crescente entre tendências nacionalistas ou unilaterais e o multilateralismo. Ao criticar a ONU e desvalorizar acordos ambientais e políticas de migração internacionais, Trump reforça uma visão de que os interesses domésticos devem prevalecer — o que pode gerar mais rupturas diplomáticas, sobretudo com países que mantêm forte atuação multilateral.
Relações Brasil-EUA
O gesto diplomático em direção ao Brasil sugere um possível novo capítulo nas relações bilaterais entre Washington e Brasília. O aceno a Lula, misto de cortesia com crítica econômica, pode indicar negociações futuras envolvendo tarifas, comércio agrícola ou outros setores estratégicos. Se a reunião entre os dois de fato acontecer, será acompanhada com atenção por empresários e governos de ambos os países.
Meio ambiente e política climática
A negação climática de Trump entra em choque direto com a agenda global crescente de sustentabilidade. Países, organizações internacionais e ativistas provavelmente reagirão com críticas, protestos e possivelmente iniciativas para isolar políticas que contrariem as metas de redução de carbono. Esse tema também afeta investidores, corporações e parcerias internacionais que já estão comprometidos com energia limpa.
Conclusão
O discurso de Trump na ONU retrata uma administração que busca fortalecer sua narrativa de poder restaurado, eficácia militar e econômica, enquanto desafia instituições como a ONU, governos adversários e práticas globais emergentes como a política climática e imigração liberal. Ao mesmo tempo, há sinais de pragmatismo — especialmente no relacionamento com o Brasil — que podem apontar para ajustes diplomáticos futuros.
Em suma, essa fala não é apenas retórica de ocasião: ela sinaliza quais eixos o governo Trump pretende priorizar internacionalmente, e como ele quer ser percebido. O mundo observou um presidente que se apresenta como líder incontestável, defensor dos interesses americanos, disposto a confrontar verdades aceitas e a redefinir alianças.
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