O ministro Luís Roberto Barroso encerrou nesta quinta-feira (9) sua trajetória no Supremo Tribunal Federal (STF), completando mais de 12 anos de serviço, incluindo dois anos como presidente da Corte. Em um discurso carregado de emoção, Barroso afirmou que deixa o tribunal com a consciência tranquila e o sentimento de dever cumprido.
“Deixo o Tribunal com o coração apertado, mas com a consciência tranquila de quem cumpriu a missão de sua vida”, declarou o ministro, recebendo aplausos de pé ao final da sessão plenária.
Uma carreira marcada pelo compromisso com a Constituição
Ao longo de sua trajetória, Barroso destacou-se pela dedicação à Constituição, à Justiça e à democracia. Em suas palavras, o ministro enfatizou que sempre buscou atuar de maneira justa e legítima, retribuindo ao país o que recebeu ao longo de sua carreira.
“A vida me proporcionou a bênção de servir ao país. Não foram tempos banais, mas não carrego comigo nenhuma tristeza, nenhuma mágoa ou ressentimento”, afirmou.
Barroso reforçou a confiança de que o STF continuará sendo o guardião da Constituição e protagonista na preservação da estabilidade institucional e da democracia. Antes de formalizar o pedido de aposentadoria, ele permanecerá alguns dias na Corte para concluir as pendências de sua gestão.
Aproximação com a sociedade e legado humanista
Durante sua Presidência, o ministro Barroso implementou ações que aproximaram o Judiciário da sociedade. Ele visitou magistrados e cidadãos em todas as regiões do Brasil, conversando com diferentes segmentos da população, como indígenas, produtores rurais, patrões e empregados.
“Conheci mais profundamente o país na sua pluralidade e diversidade e vi aumentar o meu amor por essa terra e sua gente”, contou Barroso.
Além disso, ele explicou que sua aposentadoria permitirá dedicar mais tempo à vida pessoal, à espiritualidade e à literatura, reconhecendo também o impacto das exigências do cargo sobre familiares e pessoas próximas.
Valorização da civilidade e integridade
Em tom reflexivo, Barroso reforçou sua crença na importância da civilidade, da empatia e da integridade acima das ideologias políticas.
“Reafirmo a minha fé nas pessoas, no bem, na boa-fé, na boa vontade, no respeito ao próximo e na gentileza sempre que possível”, disse o ministro, destacando seu compromisso com um “tempo de paz e fraternidade”.
Ele também dedicou palavras de gratidão aos colegas de Corte, aos servidores do STF e aos assessores que o acompanharam durante sua trajetória, além de destacar o papel da imprensa na preservação da verdade e combate à desinformação.
Homenagens de colegas e autoridades
O presidente do STF, ministro Edson Fachin, destacou a contribuição de Barroso para a democracia brasileira, ressaltando que seu legado vai além dos votos e decisões judiciais. Segundo Fachin, a compreensão da alteridade — ouvir os dois lados antes de formar opinião — foi marca de sua atuação.
O decano do STF, ministro Gilmar Mendes, lembrou que Barroso liderou o tribunal em momentos desafiadores e afirmou que a história reconhecerá seu papel.
O ministro Luiz Fux, amigo de longa data de Barroso, falou sobre a amizade e a cumplicidade entre os dois, exaltando a humildade, solidariedade e sabedoria do colega.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, reforçou a admiração pelo jurista, destacando que o país continuará se beneficiando de sua atuação mesmo após a aposentadoria.
Legado e impacto
A saída de Luís Roberto Barroso marca o fim de uma era no STF, consolidando seu papel como um magistrado comprometido com os direitos fundamentais e com a construção de uma democracia sólida. Sua trajetória serve como referência para futuras gerações de juristas, magistrados e cidadãos engajados na vida pública.
Fonte:
https://noticias.stf.jus.br/