Um possível data center em Campinas volta a movimentar o mercado local: segundo fontes da prefeitura, uma empresa do setor negocia instalar uma unidade no PIDS (Polo de Inovação e Desenvolvimento Sustentável) e estaria disposta a investir cerca de R$ 4 bilhões no projeto.
O que está em negociação
As conversas, ainda em fase preliminar e com o nome do investidor mantido em sigilo a pedido dos proprietários, indicam que o empreendimento ocuparia parte da extensa área do PIDS, em Barão Geraldo. A movimentação ocorre pouco depois da sanção da lei municipal que reorganiza o polo, abrindo espaço para empresas de tecnologia, laboratórios e residências integradas à iniciativa.
Por que Campinas interessa a data centers
Campinas tem fatores que atraem operações desse tipo: proximidade com centros de pesquisa, oferta de mão de obra qualificada e infraestrutura científica consolidada — entre elas a Unicamp e o CNPEM, sede do Sirius, o maior laboratório de luz síncrotron do Hemisfério Sul. Esses elementos transformam a cidade em um polo tecnológico que favorece investimentos de grande porte.
O que a nova lei do PIDS prevê
A legislação sancionada pelo prefeito Dário Saadi divide o PIDS em duas zonas principais: Zona de Atividade Econômica (ZAE-PIDS), destinada a empresas e laboratórios; e Zona de Centralidade (ZC-PIDS), que permite a coexistência de atividades comerciais e residenciais. A intenção é atrair investimentos ao mesmo tempo em que se organiza o crescimento urbano com critérios sustentáveis.
Infraestrutura e planejamento urbano
O projeto legal prevê infraestrutura compartilhada e subterrânea para água, esgoto, energia e telecomunicações, calçadas amplas e uma malha urbana pensada para deslocamento a pé e por bicicleta. Há ainda previsões de vasta área verde, corredores ecológicos e um parque ambiental ao longo do ribeirão Anhumas — medidas que mostram preocupação com a integração entre desenvolvimento e meio ambiente.
Impactos econômicos e sociais
Um investimento de R$ 4 bilhões teria efeitos diretos na cadeia local: geração de empregos na construção e operação, demanda por serviços e potencial para atrair fornecedores e startups que se beneficiem da proximidade com centros de pesquisa. Por outro lado, projetos dessa envergadura exigem atenção sobre oferta habitacional, mobilidade e impacto ambiental, pontos que o plano do PIDS pretende enfrentar por meio de normas e condicionantes.
Riscos e desafios
Data centers demandam grande consumo de energia e banda larga de alta capacidade. A adoção de soluções sustentáveis — como uso de energia renovável, sistemas eficientes de refrigeração e compartilhamento de infraestrutura — será decisiva para mitigar impactos. A legislação municipal, que prevê infraestrutura subterrânea e corredores verdes, aponta na direção de medidas mitigadoras, mas a execução prática ainda dependerá dos decretos regulamentadores que deverão ser apresentados nos próximos 12 meses.
Quem já atua na região e por que importa
O PIDS, com seus 17,8 milhões de metros quadrados, já abriga universidades, centros de pesquisa e laboratórios voltados a biociências, nanotecnologia, cibersegurança e outras áreas de ponta. A presença de instituições como Unicamp, PUC-Campinas e o CNPEM cria ecossistema favorável à inovação, colaborando para que projetos como um data center em Campinas façam sentido estratégico para investidores que buscam sinergia entre pesquisa e demanda tecnológica.
Potencial para parcerias público-privadas
Modelos de parceria entre poder público, universidades e iniciativa privada podem acelerar a instalação de infraestrutura compartilhada e ampliar benefícios locais. No debate sobre o PIDS, surgem propostas para integrar formação profissional, pesquisa aplicada e oferta de serviços, o que poderia transformar o investimento em oportunidade de desenvolvimento sustentável e geração de conhecimento.
Próximos passos e cronograma
A lei que organiza o PIDS estabeleceu a necessidade de 13 decretos regulamentadores a serem apresentados em até 12 meses. Esses atos normativos definirão detalhes sobre uso do solo, condicionantes ambientais, formas de ocupação e parâmetros de construção — elementos-chave para que um projeto de data center avance. Enquanto os decretos não saem, a negociação com o investidor segue em tratativas com a prefeitura.
Transparência e participação
Especialistas e moradores têm cobrado transparência nas decisões e participação da comunidade no debate sobre o futuro do PIDS. A integração de mecanismos de consulta pública e a divulgação clara de estudos de impacto ambiental e de mobilidade serão importantes para legitimar um projeto que altera a paisagem econômica e urbana da região.
O que muda para Barão Geraldo e Campinas
Se consolidado, o projeto pode reforçar a vocação de Barão Geraldo como polo científico e tecnológico, trazendo demanda por serviços especializados, qualificação profissional e expansão da cadeia de inovação. Ao mesmo tempo, as autoridades terão de gerir pressões por infraestrutura urbana, moradia e transporte para evitar desigualdades e problemas de ocupação desordenada.
Exemplos internacionais
Em outras metrópoles, data centers se instalaram próximos a centros de pesquisa e universidades, criando clusters tecnológicos — mas também desafios como aquecimento local e consumo intenso de água. Campinas tem a oportunidade de planejar com antecedência, adotando práticas de eficiência energética e políticas públicas que transformem o investimento em legado positivo.
Conclusão
O anúncio de que um data center em Campinas pode aportar R$ 4 bilhões no PIDS é ao mesmo tempo promissor e desafiador. Promissor, porque reforça o protagonismo da cidade no mapa da inovação brasileira; desafiador, porque exige planejamento urbano, compromisso com sustentabilidade e diálogo com a comunidade. O desfecho das negociações e a publicação dos decretos regulamentares nos próximos meses serão determinantes para transformar a proposta em realidade — e para medir se o investimento deixará um legado positivo e duradouro para Campinas.









